Temos uma História da Beleza e uma História da Feiura do grande mestre Umberco Eco.
Beleza e Feiura ... simetria e assimetria ... estética construída. A Filosofia mergulha nestes conceitos e as coloca em "cheque", mas o senso comum não entende esta linguagem e continua a adotar os padrões simétricos encucados e condicionados em nossa escala de "valores".
A Beleza estética não incomoda ... a Feiura estética sim! No entanto, o cerne da questão é único: perdemos o senso do olhar ontológico do "tudo existente". Já tratei deste assunto em outros momentos, mas insisto em fazê-lo, pois seguindo os padrões ditos "normais" sobre o Belo e o Feio, caimos no grande erro hodierno, o de excluir e sempre mais excluir.
Tudo é Belo ... Tudo é Beleza, se considerarmos realidades que mal conseguimos pensar que existem. O fato é que continuamos a ser extremamente racionalistas e calculistas. O economicismoé o eixo motor dos critérios nosso VER. O utilitarismo ainda é muito forte no nosso modo de ser. Em tudo buscamos aquele prazer instantâneo e imaginário que idealizamos. Então, imersos na profunda frustração, não conseguimos experimentar o Belo que nos entorna.
Somos felizes, por isso? Evidente que não!
O belo estético nos fascina ... buscamos este belo para nosso deleite. Qual deleite? O instantâneo, aquele que se desconstrói quando entramos no interior dele mesmo. Quando o fazemos, percebemos que nada encontramos, a não ser a opacidade, o vazio. Mas, a sensação de possuir o belo estético é maior do que a nossa sensibilidade. Desejamos o belo estético e podemos possuí-lo, mesmo que por fraçoes de segundos, mas somente por este curto instante ... o reswto é profunda frustração!
Já O Belo em si é o perene prazer!
O Belo em si ... é o poeta ... é o sensível ... é o desnudo de artifícios ... é o Saber ... é o comunicar-se ... é o assimétrico ... enfim, é o inexplicável!
Daí, a intensa busca em meio do multiverso, pois este foge dos padrões das leis físicas e metafísicas que nós mesmos legislamos, em favor da defesa dos nossos conceitos. Foge do paradigna que determinamos como "natural" e até "sobrenatural". No multiverso, tudo é o inverso do raciocínio sistemático que inventamos.
Ao longo da nossa História, muitos já teceram vários ensaios sobre esta "inversão", mas foram condenados ao exílio e marcados pelo preconceito ... considerados suicidas e perversos!
No momento, parece que estamos querendo abraçar o "inverso", mas, embuídos de receios e medos, só permanecemos nos discursos. Aplaudimos aqueles que, com coragem, pelo menos, escrevem algo do gênero ... apenas aplaudimos e concordamos, no entanto voamos nas esferas das meras idéias e continuamos a voar ... mais nada!
O fato é que ainda subjaz uma forte resistência por parte de um grosso segmento social que se diz defensor dos bons costumes. Pergunto ... o que significa estes "bons costumes"? É ... o difícil é romper esta "casca" do belo estético que ainda se diz legislador de condutas.
Assim, persistimos em querer viver no "mundo do faz de conta"!
Terrível engano e perversa hipocrisia!
Mas, o que importa é que o Belo em si, cada vez mais, é contemplado!
José Juliano