quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

cantando um lamento ... !

Lamento 
    que vem dos leitos ... leitos dos hospitais ... leitos dos casebres nordestinos ... leitos dos cortiços ... leitos     espalhados por todos os cantos deste país cheio de sol e de terra!
Lamento 
    que vem das camas improvisadas com papelão e jornal ... espalhadas pelas ruas ... pelas estradas ... pelas rodoviárias ... por todo o canto deste país verde e amarelo cheio de rios e de gente morena!
Canto 
    o lamento da nossa gente! 
Canto 
    como os pássaros que reclamam a mata devastada! 
Canto 
    a música melancólica das velhas negras do Largo da Liberdade!
Meu cantar 
     não é tão melodioso ... é, sim, um sufoco! 
Meu cantar 
    vem lá de dentro do peito e quer abraçar este povo carente e com corrente!
Meu cantar 
    é um lamento ... de ver tanta gente sofrendo e gemendo!
Meu cantar é um grito 
    quer chamar a atenção de todos vocês para comigo ver aquela mulher chorando porque seu filho morreu na boca-do-fumo!
Meu cantar 
    não é virtual, nem vem do jornal, tão pouco é intelectual!
Meu cantar 
    vem do lamento da gente que quer viver e ser feliz ... que lambuza minhas mãos com suas lágrimas e meu coração com tanta coisa que diz!
Canto ... 
    mal sei expressar, com meu canto, tudo o que esta gente traz!
Um último lamento agora escutei! 
    Soluços de desespero, um jovem quer um emprego! Emperro e fome! Angústia e desterro!
Que posso eu fazer ... 
    impotente cidadão, como todos desta Nação!
Só posso cantar ... 
    cantar o lamento e, junto, com todos lamentar e chorar!
Cantando um lamento ... 
    canto todos os lamentos!
Cantando um lamento ... 
    quero amanhã ver sorrir toda esta gente! 
Fazer o que? 
    Continuar a cantar prá ver se a gente revoluciona a Nação e reverte a situação!
                                                                        José Juliano


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