Não é por nada não! Mas, estamos exagerando no campo da racionalidade! Tudo fragmentamos para sermos mais didáticos, "pedagógicos" e metodológicos, afim de ganharmos a simpatia dos que nos são confiados, ou assumirmos a parcialidade total de tudo o que devemos opinar e ensinar. A fragmentação, num momento, é necessária para que se trate de um "objeto" de estudo e reflexão com maior profundidade, mas ela deve ser superada, na medida em que as conclusões exigem entrelaçamentos, conexões. Sem estas últimas, temos conclusões isoladas, desconectadas, obtusas, que não permitem o entendimento de qualquer questão, ou mesmo, do próprio Ser humano na sua integralidade.
Pesquisando, preparando um curso universitário, fico pasmado com a fragmentação e consequentes adjetivações criadas pelo próprio conhecimento humano e sua práxis. Tudo é tão isolado e esparso que um livro C é cópia de um livro B e este do livro A. Não se avança. Isto é muito evidente, pois a fragmentação não suscita criatividade e transita em dualidades geradoras de preconceitos, enganos e fundamentalismo científico.
Esta é a nossa realidade vigente. Somos gatos correndo, desvairadamente, atrás do próprio rabo!
Vejam bem ... temos a ciência e a religião, existencial e histórico, o concreto e o abstrato, a imanência e o transcendente, o erudito e o popular, o clássico e o contemporâneo, o oficial e o extra-oficial, a física e a metafísica, as ciências exatas, biológicas e humanas, o subjetivo e o objetivo, reinos animal, vegetal e mineral. Poderia encher de exemplos, mas deixo para vocês acrescentarem, depois de pensarem mais sobre o assunto.
Tal fragmentação esquece que tudo é processo, o qual pode ser evolutivo e involutivo, o que não importa, pois ambos estão entrelaçados. Tudo é processo e tudo é expressão da pessoa na sua totalidade.
Quando escrevo sobre o "amor", estou pensado o "amor" na sua totalidade. Da transcendência à sexualidade, dos sentimentos aos desejos, do cotidiano ao coletivo histórico.
A racionalidade exarcebada só fragmenta e passa a ser uma trava para a compreensão da totalidade que somos. Talvez, este seja o abjetivo ... não podemos desvelar o que somos! Ah, isto seria muito danoso para o que já está instituído.
Este é o primeiro "muro" que devemos, por atenção à dignidade humana, derrubá-lo. Sair da ossatura acadêmica, ideológica, mental e comportamental. Sermos mais flexíveis e abertos à nova civilização que se está germinando.
Estamos engessados, por isso nada realizamos de novo! Temos, na verdade, medo de romper audaciosamente com os paradigmas instituídos, pois é muito continuar assim. Então, repetimos, como papagaios o que já foi dito, perpetuamos concepções que se cristalizaram e não avançamos para uma civilização própria do processo do conhecimento e da práxis humana.
Temos que reavaliar muito bem o que estamos fazendo no momento. Pelo menos, pensar a respeito. Vale a pena!
José Juliano
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