Vivemos a paranóia das adjetivações das ideologias. Tudo se tornou "ideologia" e, por isso, algo que não inspira mais credibilidade. Abominam-se as "ideologias", mas constróem-se ou mantem-se aquelas que mais estão de acordo com os interesses pessoais ou de segmentos que ocupam ofícios que deveriam servir multidões.
Este movimento de fobia contra as "ideologias" sufoca, evidentemente, as utopias manifestadas pelas idéias que não são apenas teorias ou sonhos, mas frutos de experiências de indignação. Destas, arquitetam-se idéias que, por revolucionar, incomodam e, consequentemente, fazem surgir uma campanha depreciadora das propostas ousadas de transformações da estrutura social.
Entrando diretamente no assunto, pergunto: por que repudiamos tanto as análises e filosofia originais de Karl Marx e F. Engels? Por que insistimos em afirmar que Marx e Engels já estão ultrapassados e não têm nada a dizer para o nosso tempo? Por que transformamos somente Marx e Engels em "ideologia" e não fazemos o mesmo com tantos outros? Por que repudiamos os escritos pessoais de Che Guevara, as músicas de Violeta Parra, as análises históricas do jornalista Eduardo Galeano, os escritos no cárcere de Antônio Gramsci, e tantos outros? Por que tudo isto virou "ideologia" repudiante?
É para se pensar!
O fato é que ainda não conseguimos sair do ranço elitista que dirige a nação. Órgãos públicos com uma máquina de funcionários, cujos expoentes são incapacitados para trabalhar em favor do bem comum. Os que realmente trabalham ganham pouco e os que dirigem sem aptidão ganham muito e, o pior, são os que marcam as diretrizes para o funcionamento da res-publica. Grande incompetência! Por exemplo, no âmbito da Educação, agora, tudo se afunila na Matemática e na Física. Quem disse isto? Quem acredita que a medida do desenvolvimento da nação é uma média alta em matemática?
Aqui só citei um exemplo. Há piores a serem mencionados. O pior de tudo é a dormência das multidões, sobretudo, da juventude em geral.
Mas, aqui vai uma esperança! A juventude está começando a querer ocupar o lugar dos que já governam por muito tempo e estão desgastados pelas suas promessas jamais cumpridas.
Então, também há outra esperança! Que a juventude retome a memória histórica e se debruce naquilo que dizem ser "ideologias" inoperantes ... desconfiem e ajam! É tempo de mudar ... é tempo de começar a trabalhar ... dançando entre utopias e desconstruindo uma mentalidade engessada que ainda persiste em continuar a nos guiar.
José Juliano
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