sexta-feira, 29 de abril de 2011

Lideranças ... existem! ... e suas utopias?

   Numa longa conversa com um amigo ... preocupados com o curso da História ... indagávamos sobre nossa pessoal responsabilidade para com a orientação de lideranças, sobretudo, da juventude.
   Nosso diagnóstico primário foi um pouco desolador, pois não conseguíamos ver lideranças, ousadas e pontuadas, que pusessem articular-se, afim de que viabilizassem utopias históricas que ainda estão em grandes pendências.
   Este diagnóstico, inicialmente pessimista, baseou-se na grande falta de interesse, por parte da juventude, em se atirar nos debates contemporâneos, tendo como suporte todo o conhecimento filosófico, sociológico, econômico, político, cultural, ideológico que a história humana sistematizou. Certo que, todo este processo do pensamento, na conjuntura global do atual momento, corresponde um forte ponto de partida que não pode ser ignorado. Tal conclusão chegamos, pois notamos grandes preconceitos quando, em cátedra, fazemos citações sobre a Escola de Frankfurt, sobre Marx e Engels, sobre "linhas" do pensamento que hoje são julgadas já ultrapassadas. Isto ocorre também com a Literatura, tanto brasileira como a internacional.
   Por que tal preconceito?
   A resposta não foi tão pessimista e acusativa!
   O fato é que notamos um "desencantamento" por parte das gerações jovens, com respeito a tudo o que envolve Movimentos Sociais, articulações estudantis, nos seus vários níveis, e viabilização de projetos que fogem da linha demarcatória do desenvolvimentismo populista e imediato.
   É neste ponto que entram as utopias!
   Olhando com profundidade a conjutura brasileira atual, percebemos que as coisas não vão mudar, pelo contrário, continuaremos a viver na ilusão que permeia a História do Brasil desde sua colonização pelos portugueses.
   Os que defendiam ardentemente uma Reforma Agrária, agora estão no Congresso Nacional ... por espanto, são os primeiros a questionarem qualquer inicativa que abra, pelo menos, um debate sério sobre esta pauta urgentíssima. Continuamos submissos ao latifúndio ... muitos dizem que esta conversa é ultrapassada e que abordá-la é uma grande perda de tempo. 
   Certo, vivemos na urbanidade ... muito bem ... vivemos, sim, num aglomerado desordenado, o qual chamamos de Cidade! Tudo vai mal na Cidade! O pior, a Cidade gera uma alienação sem medidas ... alienação? ... há quanto tempo não se escreve ou se fala desta palavra que até foi deletada do nosso vocabulário hodierno!
   É! E onde estão nossas lideranças juvenis? Nas Universidades? Nas periferias do centros urbanos? No campo? Na classe média? ... Sabemos que existem! Sabemos que possuem latentes utopias! Sabemos que buscam amadurecer suas consciências, mas estão desarticuladas e se sentem enfraquecidas e desencantadas!
   Culpa nossa!
   Dizemos que somos intelectuais, mas somos somente intelectuais e não intelectuais orgânicos! Acendemos o fogo e nos retiramos ... não permanecemos juntos destas lideranças ... a questão é de somente permanecer junto ... deixar caminhar e apoiar ... revolucionar juntos, sem pretensões de sermos os líderes maiores e dignatários de experiências que sufocam as novas experiências.
   Por que nos esquivamos de entrar nos debates mais inconfortáveis para os segmentos mais tradicionais da sociedade? Somos defensores da Ciência, mas conservadores nas mudanças.
   Então ... é necessário sim "revisitar", sem medo, as utopias e, não somente "revisitar", mas lançar-se na ação transformadoras das estruturas que tanto nos massacram, das quais, também, tanto reclamamos e contra as quais contestamos.
   O Brasil não vai bem ... pensamos que sim ... mas não! Hoje não há oposição ... há sim partidos com estruturas arcaicas que lutam entre si para ganharem a maior fatia do queijo. Todos estão no mesmo caldeirão ... não precisamos de muitas provas para chegarmos a esta conclusão.
   Então, o que podemos fazer? 

                                                 José Juliano     

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