Não precisamos ir tão longe! A questão do Tempo e do Espaço é mera formulação matemática!
Para o poeta, a História é importante; para o Historiador, a poesia é importante; para ambos, a Filosofia é importante; para o Filósofo, tudo é importante. Enfim, poeta, historiador, filósofo, compositor, cineasta, cientista ,,, todos se encontram em um mesmo "lugar" e se abraçam, caminham juntos, constróem juntos e esquecem das formalidades que fragmentam e que demarcam "o que é" e "o que não é" ... simplesmente buscam!
Diante da perplexidade da modernidade, o lirismo entrou em crise. O capitalismo avançado gerou a indústria e, com ela, a tecnologia ocupou o pódio. As metrópoles tornaram-se atraentes, fascinaram, mas também começaram a assassinar seus amantes.
A Paris dos meados do sédulo XIX, via, em suas ruas, cruzarem multidões resguardadas pela segurança do anonimato. Operários exaustos, homens de grandes negócios, burgueses e empobrecidos, pessoas com suas assumidas orientações sexuais, outras com a fama de honra, muitas ilustradas e assim vai.
Todos se atropelam na multidão e trocam olhares ao acaso, memória fugaz que no instante seguinte torna-se esquecimento, olhar que não sobrevive ao virar a próxima esquina. Desejos se cruzam, máscaras diversas se comprimentam e marcam possíveis e rápidos encontros noturnos. A fragmentação da pessoa, seu isolamento, sua hipocria, seu sufoco de não-poder-Ser, a corrida pelo poder-Ter, a solidão exarcebada!
A realidade das grandes metrópoles modernas, já se instalara!
Neste entremeado, surge o poeta Charles Baudelaire ... solitário ... procurando pelas ruas o sentido daquilo que dizem ser "moderno" ... reconhece a realidade e se torna o "flâneur", aquele que observa, vaga sem rumo, consciente da solidão e do tédio, melancólico e atendo a cada detalhe do novo cenário.
O poeta busca a compreensão e mira a multidão! Torna-se cúmplice!
Hoje, 2ª década do século XXI, a realidade perdura e recrudesce, mas o poeta não mais se angustia, pois não se considera um "cúmplice" e sim aquele que pode quebrar o anonimato, ajudar as pessoas a jogarem fora suas máscaras, resgatar o nome de cada um em meio da multidão. O poeta só deseja uma coisa: que os olhares cruzados não sejam instantâneos e os encontros não sejam mais obscuros.
O poeta, hoje, é diferente!
Olha nos olhos de cada pessoa em meio da multidão.
Guarda no coração cada feição.
Cultiva a memória e escreve uma canção.
Não sente mais a solidão.
Só vive de inteira paixão.
Caro Baudelaire, hoje você é lembrado por mim. Se estivesse aqui não sofreria tanto como no seu tempo. Mas, suas poesias são motivos de inspiração, sua pessoa é muito bem-vinda em minhas linhas.
Todos somos poetas eternos. Basta somente ter a sensibilidade na pele!
Ontem passaram poetas pela história e deixaram sua memória.
Hoje, vivem os poetas cantando a história e resgatando o sentido do amor dilacerado
por aquilo que chamamos de modernidade!
José Juliano.
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