quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pai, afasta de mim este Cálice! De vinho tinto de Sangue!

   Estamos na tão desejada Semana Santa! Independentemente da religião ou credo, esta Semana pretende falar-nos alguma coisa por demais profunda! É a Páscoa! A Páscoa dos cristão e dos judeus ... a Páscoa de de todos os povos e nações, a palavra significa "Passagem".
   Passagem da escravidão para a Liberdade ... Passagem da ignorância para a Conscientização ... Passagem da cegueira para a total Visão ... Passagem da indiferença para o Compromisso ... Passagem da ilusão para a Realidade concreta ... Passagem do conformismo para a Práxis, ação que transforma tudo ... Passagem do anonimato para a Identidade ... Passagem do somente TER para SER para o SER ... Passagem da mudez para a Viva Voz ... Passagem da apatia para a Sensibilidade ... enfim, Passagem de algo para algo mais humano!
   Num passado, não muito remoto, mas que as gerações atuais já esqueceram, ouvíamos e sentíamos na carne a voz docantor e poeta Chico Buarque de Holanda ... "Pai, afasta de mim este Cálice! Pai, afasta de mim este Cálice! Pai, afasta de mim este Cálice! De vinho tinto de Sangue!". O momento talvez era diferente porque havia a Ditadura, a prisão de amigos e amigas e o sufoco da censura. Hoje? O momento talvez não seja tão diferente, mas carrega, ainda, esta voz que canta "Pai, afasta de mim este Cálice! De vinho tinto de Sangue!
   Mas como? Todos perguntam perplexos!
   Vivemos tempos diferentes! Respondem cinicamente!
   A linha de pobreza no Brasil já quase não existe mais! O bacalhau, que era um prato de rico, agora também está na mesa de todos! Temos viradas culturais! Cultura em abundância! Cartões de créditos! Falar de pobres, hoje em dia, é coisa de "esquedistas nostalgicos"!
   Ah, semana santa! Onde contamos nossos pecados individuais e não os pecados sociais e estruturais!
   Pecado? Isto é coisa de religião!
   Parece ser, mas não é!
   Pela manhã, às 7h, quem já viu a angústia dos ignorados e mal cheirosos, os moradores de rua? Crianças, jovens, anciãos, mulheres e homens ... uma multidão que forra nossa Cidade, há pouco, elevada como Metrópole do Mundo. Mas, o pior! No sono intranquilo, são despertados pelos jatos d'água, daqueles caminhões pipa, mandados pela prefeitura para limpar a Cidade. Limpar? Limpar a Cidade de sua vergonha! Vergonha? Sim! O descuidado para com a pessoa humana! Que angústia! Angústia de ver todos estes se despertarem apavorados, carregarem suas coisas molhadas e continuarem a vagar pela Cidade, em meio de suas Torres de concretos e Torres que a condecoram como metrópole da comunicação.
   Nossos neurônios fervem de indignação ... com esta multidão ... sem contar com aquela que está nos corredores dos hospitais, implorando cuidado ... sem contar aquela que está nas escolas públicas, implorando acessibilidade ao saber ... sem contar aquela que vaga pela própria Cidade procurando trabalho e aceitando até a escravidão, pois o salário não dá nem para a condução, que aqui é a mais cara do mundo ... sem contar aquela multidão de jovens que, por viver as desilusões do descuidado, está começando a acreditar que está fracassada!
   Com estas multidões, a indignação aumenta! Só resta trazer de volta a voz do cantor e poeta e, com ele, cantar:
   "PAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE! PAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE! pAI, AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE! DE VINHO TINTO DE SANGUE!
                                        José Juliano

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