sexta-feira, 29 de abril de 2011

Uma Carta para você ...

   Caro amigo,
   Amanhã é o seu aniversário ... há um mês eu não escrevo para você e nem tive tempo de falamos ... é claro, estamos longe um do outro e o Atlântico nos separa. Aí já é primavera, aqui um pesado outono se avança ... recebo notícias de sua terra e você da minha.
   Eu continuo a "escrever cartas" ... e você também aprendeu comigo. A última que escrevi relatei tantas coisas ... a última que você escreveu, só me deu alegria ... você presidente da Província. Então, comecei a lembrar-me ... lembrei-me daquela noite de inverno ... caia muita neve ... jantei pela primeira vez em sua casa ... ah, que noite de conto de fadas! ... seus irmãos, sua linda mãe, seu inteligente pai. Mas, você tinha uma inquietude no coração e tudo fez para me levar para casa. Fazia frio, eu ainda não falava muito bem a sua língua e você até queria aprender a minha. Paramos na Praça ... entramos no Café e bebemos aquela cerveja alemã bem forte.
   Então, começamos a conversar ... seu sangue vermelho corria em suas veias ... as idéias começaram a fluir ... era a sociologia política que te inflamava. Você também chorou, pois sua família não queria que você seguisse este caminho ... mas, a partir daquela noite, tudo começou a mudar.
   Amanhã é o seu aniversário ... você se doutorou ... caminhou ... poeta, músico, político ... lembra-se da primeira mostra de cinema que organizamos? A idéia foi sua e o grupo todo apoiou. A cidade superlotou ... eram filmes antigos das regiões da Europa Oriental. E você me dizia ... "Se você não tivesse chegado aqui, nada disso aconteceria"!
   Que alegria quando você comunicou que seria o prefeito da cidade ... eu já estava aqui e logo lhe telefonei para desejar-lhe um bom governo.
   É, caro amigo, estes anos passaram e você não deixou morrer a utopia que eu alimentei em você e em todos aí.
   Eu! ... aqui vivo o outono ... árvores sem folhas e sem frutos ... como você bem conhece minha cidade ... só tem concreto ... estamos virando concreto também ... o pior, nossos corações já não fazem mais poesias e nem cantam canções de amor. Não vemos com nitidez as estrelas ... vivemos a inércia do cotidiano.
   Mas, não quero lamentar e nem chorar, porque amanhã é o seu aniversário ... só quero lhe mandar um abraço ... com certeza nos falaremos ... mas, escrevo para lhe dizer ... "Não desista de caminhar e não deixe sua utopia se dilacerar"! Aí ... você não está sozinho ... preocupe-se com as crianças e com a juventude, pois você também é um jovem político.
   Eu! ... aqui vivo o outono e lhe mando um recado ... Vorrei tu fossi qui!
   Tanti auguri ... caro amico!

                              José Juliano 

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